[Meu Facebook] [Meu Last.FM] [Meu Twitter]


 

 

Kaio

 

Veja meu perfil completo

 

 

 

 

28 dezembro 2007

O ano que (ainda) não acabou

Há quem acredite já ter o direito de comemorar a chegada de 2008 sem sequer ter realmente finalizado 2007. Sabendo disso, evitarei cometer tal erro; só começarei meu "próspero Ano Novo" em Fevereiro, quando sairá o resultado do vestibular da UnB. Admito, portanto, que há certas pendências surgidas nesse ano que precisarão ser resolvidas para dar o assunto por encerrado.
Foi justamente com tal intuito que fiz aquela, digamos, metáfora do XVII Congresso de Planejamento Burocrático. Era imprescindível que eu organizasse a minha mente para (tentar) manter a lucidez e a sanidade durante as próximas semanas. Se eu quiser executar a transição para a pós-adolescência da maneira mais adequada, é inegável que ser aprovado no exame de ingresso na UnB viria bem a calhar, hehe. Ok, sendo mais dramático: quero ir logo para Brasília!
Há tanta coisa a se dizer neste post - afinal, já se passaram 10 dias desde o último - que nem sei por onde começar. Vejamos se eu conseguirei me expressar bem...

Cumpri em parte a promessa que fiz no texto passado. Sim, de fato "A Sabedoria da Vida" (Schopenhauer) será o último livro que concluirei em 2007. Por outro lado, não será o 56º, mas sim o 57º desse ano. A propósito, a culpa é justamente daquele que seria o penúltimo. O livro de Freud que eu estava a ler, além de ensaios como "Mal-Estar na Civilização" continha um texto curto (20 páginas), intitulado "Dostoiévski e o Parricídio". Nem preciso dizer o quanto eu gostei dele, certo? Fiquei tão empolgado com a análise freudiana da psiquê dostoievskiana (poxa, ele falou de tudo, desde a obsessão por jogos de azar até a questão da figura do pai) que me senti obrigado a ler mais um livro do escritor russo antes do ano acabar.
Por sorte, lembrei-me de um pocket book da Martin Claret que eu comprara em 2005. Ele continha algumas obras de Dostoiévski, sendo que eu só havia lido um deles, "Noites Brancas". Faltavam outros três para dar a leitura por encerrada, e o mais importante era "Notas do Subterrâneo". Valeu a pena: foi um dos textos dostoievskianos que eu mais adorei até hoje. Aliás, pode-se considerá-lo como o marco inicial do Existencialismo na literatura, fazendo de Dostoiévski um pioneiro nas idéias existencialistas nos romances, da mesma maneira que Kierkegaard foi um para a filosofia.
"Notas do Subterrâneo" possui duas partes. A primeira ("O Subsolo") é um monólogo, em que o narrador-personagem expõe suas considerações sobre a Modernidade que simbolizou o século XIX. Prdominam as críticas contundentes ao racionalismo, o cientificismo, à pobreza de espírito de seus contemporâneos etc., assim como há uma profunda auto-crítica do narrador, que se considera um "homem doente". A sua repulsa por si mesmo chega a ser comovente.
Já a segunda parte, "A Propósito da Neve Fundida", é a narrativa em si. São relatadas três histórias que, de acordo com o anônimo protagonista, simbolizariam seu desprezo por si mesmo e pela humanidade. Uma é sobre um prepotente oficial que lhe dera um empurrão em um bar, com a maior indiferença; a segunda discorre sobre uma constrangedora noite em que ele jantou com quatro ex-colegas de escola; e a última, que se inicia na mesma noite, é sobre os encontros dele com Lisa, uma prostituta. A impressão que fica é que "A Propósito da Neve Fundida" melhora a cada página, expondo toda a tensão e a angústia que devoram a mente do narrador-personagem. Sua dor existencial é justificada constantemente, a ponto de ele dar a impressão de que escolheu ser um homem de sofrimento elevado ao invés de limitar-se a ser uma criatura ordinária e de felicidade vulgar. O leitor envolve-se completamente com a narrativa, tentando inclusive compreender o que levou alguém a ter uma existência tão amarga. Fazendo uma comparação com "A Náusea" (Sartre), Antoine Roquentin não é tão bem construído, interessante e complexo quanto este subterrâneo personagem dostoievskiano. Definitivamente, eis um homem doente.

Comecei a ler ontem à noite o já mencionado livro de Schopenhauer. Deverei comentá-lo no próximo post.

Ainda sobre livros, falarei sobre o que ganhei/adquiri no D.M. Cap. (Dia Mundial do Capitalismo, ou Natal para os cristãos). Foram dois os que comprei para mim mesmo: "Laranja Mecânica" (Anthony Burgess) e "Fahrenheit 451" (Dan Bradbury). Não estaria mentindo se dissesse que estava procurando por eles há quase dois anos. Felizmente, a caçada teve um desfecho. O terceiro foi um presente de amigo secreto, dado por minha avó: "As Portas da Percepção", de Aldous Huxley. Ela disse que foi em pelo menos uns dez sebos no centro da cidade até encontrá-lo. Caramba...
O último presente foi outro que eu gostaria de ganhar há tempos (para ser mais exato, desde 2000): um notebook. Estou adorando o fato de ter um computador só para mim; até instalei Ragnarök Online só pra ter mais alguma coisa para fazer nele, além, é claro, de ouvir música e navegar. O notebook será muito útil tanto para o meu lazer quanto para os trabalhos e pesquisas que deverei fazer na universidade.

E então, substituir os livros pelo computador como forma de usar o tempo livre durante estas três semanas que antecederão o vestibular da UnB soa bizarro, não? Vejo, no entanto, que tirar férias forçadas da literatura disponibilizaria mais dedicação de minha mente para os estudos. A internet, pelo contrário, possui um caráter de entretenimento, e os horários que dedico a ela são bem mais flexíveis e prescindíveis. Ou seja, creio que tal tática poderia me permitir uma ênfase no, digamos, concurso público que prestarei para Ciência Política no mês que vem.
Algo, no entanto, é certo: não tenho mais o direito de minimizar a importância de tal prova. Até me dei ao luxo de passar vários meses despreocupado, mas, depois do exame do PAS, toda a ansiedade que não havia se manifestado até agora resolveu se revelar. Espero que combinar a busca interna pelo equilíbrio com a maratona de exercícios que meu colégio está a fornecer seja algo proveitoso.

Devo ter esquecido de falar de uma ou outra coisa, mas acho que ainda farei mais algum post até o fim do ano. Até mais!

 

Comentários:

 

 

resolvi dar apenas uma olhada nesse teu blog. faz tempo que não venho aqui. li apenas as primeiras linhas desse teu post e cara, você prestou vestibular então?
já vejo como vai ser seu futuro. você é um gênio,mesmo
e nem vou desejar sorte, porque isso é uma idiotice, você não precisa sorte. você tem talento.


:)


Encontrei seu blog procurando por " Notas do subterrâneo" de Dostoiévski. Achei muito interessante uma rapaz da sua idade ter um gosto tão apurado.

Eu estudo sobre o comportamento humano e gostaria muito de saber como foi sua formação. Sua família tem qual participação nisto? Sua escola e/ou amigos?

Aguardo retorno.

raquelima@yahoo.com


Postar um comentário

[ << Home]