Auf Achse, Karamazov - parte 2

"Estou vivendo em sonhos lúcidos. Agora não há mais mistério."

Vocês já devem ter ouvido falar por aí que desmaiei no show do Franz. Se não, ficam sabendo por aqui: sim, passei mal (de novo! Lembram do meu episódio no Muse, 2008?). Naquele que foi o melhor show da minha vida (finalmente, New Order '06 foi superado!), o calor do Marina Hall me venceu, e paguei caro por ter resolvido ficar na grade. Suei tanto e fiquei com tamanha sede que, durante "Walk Away" (lá pela metade do show), não resisti. Minhas amigas me seguraram, e os seguranças me levaram para um lugar mais arejado, perto do ventilador - a 'salinha dos desmaiados', diga-se de passagem.

Porém, esta situação só enalteceu o caráter marcante da apresentação do Franz Ferdinand para mim. Como esperava, encontrei inúmeros amigos(as) e colegas no M. Hall - e até alguns que não imaginava ver por lá! A banda de abertura, The Pro, superou expectativas, e era só sorrisos. Gostei. Quanto ao Francisco Fernando... ah, nem preciso dizer que foram geniais, não é?

Alex Kapranos é extremamente carismático, e os demais integrantes também demonstraram muita simpatia. É raro ver uma banda que demonstra tanta cumplicidade com o público. Dentre as 20 faixas executadas, tocaram todas as do meu top 5 (yay!), além de outras pérolas, como "Auf Achse", "No You Girls", "Do You Want To" e "Ulysses". Acabei perdendo (no sentido de 'ouvi, mas não vi') só duas: "Walk Away" e "Take Me Out". Encerraram com sensacionais batucadas em "Outsiders", e voltaram para um bis em que rolou até "Jacqueline" só no violão. E o desfecho com "Lucid Dreams", hein? Perfeito! Mais psicodélico, impossível! Tomara que a década de 2010 siga esta tendência de rock-eletrônico-conceitual, disco-punk com sintetizadores ou seja lá o que for 'aquilo'.

Depois do show, eu e meus amigos conversamos, ainda embasbacados pelo que havíamos presenciado, rimos de algumas situações e fomos lanchar no Giraffas. E olha que eu tinha que acordar no dia seguinte às 7h30, rs... Enfim, a noite de 21 de Março foi inesquecível!

"Não é Deus que não aceito; estou apenas lhe devolvendo o bilhete da forma mais respeitosa."

A primeira reunião do Grupo de Estudos Humanistas, na 6ª feira passada, só me deu mais convicção de que nossa iniciativa é promissora. Em meio a uma UnB contaminada por militantes, picaretas e todos os problemas típicos da "universidade pública e gratuita brasileira", nada como organizar um projeto que pretende ler, estudar e debater obras importantes (e, no caso de algumas delas, subestimadas no ambiente universitário). Seremos uma extensão baseada em círculos literários.

Neste ano, o projeto Estudos Humanistas terá um enfoque mais teórico, em torno de uma discussão sobre Liberdade. Talvez no ano que vem possamos discutir coisas mais práticas, mas não menos relevantes, como Responsabilidade. As leituras (e datas prováveis) para este ano são:

PRIMEIRO SEMESTRE
26/3: “Os Irmãos Karamázov", Fiódor Dostoiévski
16/4: “Os Irmãos Karamázov", Fiódor Dostoiévski
30/4: “A Democracia na América", Alexis de Tocqueville
14/5: “A Democracia na América", Alexis de Tocqueville
28/5: “Ensaio sobre a Liberdade", John Stuart Mill
11/6: “Walden: A Vida nos Bosques", Henry David Thoreau

SEGUNDO SEMESTRE
27/8: “A Montanha Mágica”, Thomas Mann
10/9: “A Montanha Mágica”, Thomas Mann
24/9: “Ação Humana", Ludwig von Mises
8/10: “Ação Humana", Ludwig von Mises
22/10: “A Sociedade Aberta e seus Inimigos", Karl Popper
5/11: “A Sociedade Aberta e seus Inimigos", Karl Popper
19/11: “Quem é John Galt?", Ayn Rand
3/12: “Os Fundamentos da Liberdade", Friedrich von Hayek

O debate sobre Dostoiévski rendeu bastante; vide post abaixo. Demos especial destaque para as reflexões de "O Grande Inquisidor" (em especial, a 'teoria das três tentações' e a argumentação politicamente elitista do Inquisidor, colocando a autoridade acima da liberdade), assim como as oposições entre o ascetismo de Aliócha, a impulsividade de Dmitri e seu pai e o ateísmo niilista de Ivan.

Ontem praticamente terminei a papelada, então já podemos dizer que somos um projeto de extensão. Nosso próximo encontro será no dia 16 de Abril, sobre a 2ª metade de "Os Irmãos Karamázov". Sintam-se convidados(as)!

P.S.: Tem colóquio amanhã, sobre Nietzsche, "O Crepúsculo dos Ídolos". 17h, na Palato.